-Não é nada demais, Mattheus... -ela argumentou, abaixando a cabeça- Ele é um colega da academia, e tivemos algumas divergências... Seus olhos azuis voltaram a Tate, e ela engoliu em seco... Não conseguia repetir, do mesmo jeito que não conseguia simplesmente condenar o rapaz de vez... Então, limitou-se a caminhar até a sua mochila, que era grande e cheia demais para alguém que fora apenas visitar um amigo, e tirou de lá um pacote de cookies de chocolate, entregando-o a Tate: -Tome... A comida daqui é horrível. Arya se virou para Mattheus, e o hematoma em seu rosto pareceu ainda mais feio quando a luminosidade da janela bateu nele: -Eu devo ficar um tempo sem aparecer por aqui... Mas eu volto, sim? Prometo...
Tate Langdon Aluno(a)
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- Era.- ele corrigiu Arya enquanto esta falava.- Porque agora estou preso aqui.
Ele segurou o pacote. Meio surpreso com a ação dela. Olhou do pacote para Arya, dela para Matheus e então focou seu olhar somente na menina, a seguir. E, antes que ele pudesse falar algo, ela se virou. Mas mesmo assim ele se pôs a dizer, levantando os ombros.
- Por que... você vai demorar?
Arya White Aluno(a)
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A expressão de Mattheus foi de surpresa, e depois passou a frustração com as últimas palavras de Arya: -É... porque? -ele repetiu a pergunta que Tate fizera, mas, ao contrário deste, o rapaz parecia desolado. -Porque... -Arya hesitou, abaixando a cabeça- Porque estou indo embora...
Tate Langdon Aluno(a)
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-Eu não sei... Eu fugi de casa, preciso de um lugar para ficar... Bem longe daqui... Mattheus a olhou de forma puramente infantil, como uma criança que perde seu brinquedo favorito. -Você vai me deixar... De novo. Com isso, ele deixou a sala, sem mais uma palavra, um lamento, nada... Evy o seguiu, como sempre, uma sombra sinistra e protetora em seu encalço... E Arya se sentiu a pior pessoa do mundo. -Mattheus... desculpe... -ela disse para o tapete, se encolhendo em seu moletom grande demais...
Tate Langdon Aluno(a)
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Tate visou Mattheus deixar a sala... e tudo o que ele pode fazer foi encarar Arya, as lágrimas tristes e frustradas se tornando furiosas e perigosas.
- Você está mentindo. Você tem Bullworth pra ficar.- ele rosnou. Estava com raiva agora. Tanta que, Por um momento, pareceu que todo o choro de antes era apenas... teatro.- Isso é mentira.
Arya White Aluno(a)
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-Mentira? -Arya o encarou como se ele estivesse brincando- Acham que eu matei aquele monitor, sabia? COMO VOCÊ ACHA QUE EU POSSO VOLTAR PARA LÁ?! A menina bufou, e sentou na borda do sofá. -Ninguém acredita em mim, exceto o Rig e a Melissa...
Tate Langdon Aluno(a)
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-Foda-se... -ela grunhiu- Você não tem nada com a minha vida. Onde eu ficarei ou não não será da sua conta... Ela o encarou com raiva e colocou a mochila grande demais para ela nas costas. -Farei a mesma coisa com você se fizer algo ao Mattheus, ouviu?
Tate Langdon Aluno(a)
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Ela o encarou friamente... Por alguns instantes, eles se fitaram de uma forma quase homicida, e talvez Tate tenha se lembrado do que Arya lhe dissera naquele porão, a alguns dias atrás: "-Quando eu me quebrar, não deixarei que ninguém veja. E ninguém saberá que eu me fui..." A menina suspirou, e lhe deu as costas: -E você é pior do que papel... Você é poeira. Espalhado pelo vento, sem mais nada a perder... Adeus, Tate. A gente se esbarra no inferno, se é que ele existe...
Tate Langdon Aluno(a)
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- Então vou cegar seus olhos... e os de Mattheus. Você está com medo agora?- mas ele pareceu mudar a expressão de repente... para algo doentio...
- QUE SE FODA ISSO!!- ele gritou, e jogou o pacote de biscoitos no chão, bem nos pés de Arya,espatifando-o por completo, espalhando embalagem e migalhas, antes de sair correndo pelo corredor, descendo a primeira escadaria que encontrou pela frente.
Tate correu. Algumas enfermeiras tentaram avisar que um paciente estava fora do quarto, mas ele passou rápido demais por elas. E, quando se deu conta, ele só cansou quando tinha chegado numa espécie de cantina. Estava vazia. As mesas descansavam alguns pacientes tomando uma sopa que mais parecia calda verde. Ele se sentou numa delas, a mais afastada, botando as pernas em cima da cadeira e abaixando o rosto... e ele começou a chorar.
- Você gosta dela.- a voz que soou lhe foi familiar... e estava bem ao seu lado.- Você gosta dela. Você gosta dela.
- Addy?!- Tate exclamou, depois de erguer a cabeça e se deparar com a irmã doente mental ali.- O QUE VOCÊ FAZ AQUI?- ele rosnou, batendo na mesa.- Quem te trouxe?!
A menina riu da reação do irmão. Riu como se estivesse presenciando a mais bela piada. E saiu correndo pelo corredor... Tate estava perplexo. Há tempos não via sua irmã. E, se ela estava ali, isso só podia significar uma coisa. A expressão do loiro fechou. E ele sentiu um cheiro de cigarro.
- Oh, querido... seu grande filho da puta.
E dessa vez ele empurrou a cadeira, fazendo-a bater no chão e se levantando para encarar Constance.
- O que diabos você quer aqui?!
- É ASSIM QUE VOCÊ SE DENOMINA, NÃO É? Eu sou só uma puta.- ela fez um esgar e um barulho estranho com a garganta.- Mal sabe quantas horas passei parindo você, garoto, pra me vir com uma decepção dessas...
- A culpa foi sua! Atirou em Melissa, provocou aquela confusão toda, isso tudo porque-...
- ELA SABIA SOBRE VOCÊ! - Constance bateu o pé, apontando a ponta flamejante do cigarro para Tate, numa expressão de ódio.- Ela sabia o que você fez. Que massacrou uma escola inteira. Mais um pouco e ela iria descobrir que matou seu próprio padrasto. Que matou um casal de gays dentro da nossa casa... E que estuprou... a mãe da própria namoradinha suicida...- ela rosnou em um sussurro venenoso aquelas últimas palavras...
E Tate não pode acreditar no que tinha ouvido...
- Eu... eu não... NÃO!! NÃÃO!!- ele gritou, segurando a própria cabeça, começando a chorar mais.- EU NÃO FIZ NADA DISSO!
- Exatamente, querido.- ela se aproximou, tocando os cabelos dele, tão parecidos com os seus.- Você não fez. E é isso o que tem que continuar dizendo para todos. E quem quiser bancar o intrometido... deve morrer. Ninguém se intromete na minha família. Ninguém. E você... você é meu filho. Eu não poderia abandonar você. Mas você vai ficar aqui. Talvez seja mais seguro.
Ela se afastou dele novamente, e Tate arrastou as costas na parede, ainda confuso, ainda chorando, sentando-se na própria mesa baixa e roída... E Constance ergueu o queixo dele. E pôs um cigarro em sua boca.
- Aspire a nicotina, querido. Você vai precisar de muita. Meu amor... a mamãe tem que ir agora, Tate. Eu voltarei depois. Por você. Meu... psicopata.- ela pronunciou aquela palavra com algum misto entre medo e decepção. Tate sempre fora seu perfeito... e agora, pela primeira vez, ela admitia o que ele era... e sabia que ele nunca ia aceitar isso... Então ela deixou alguns cigarros e um pacotinho preto sobre a mesa. E sumiu como cinzas. Addy também não retornou... Ninguém retornou... E Tate enxugou as lágrimas. E tudo o que ele pode sentir a seguir... foi raiva.
Arya White Aluno(a)
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-Não deveria se ficar assim... -uma voz masculina se fez ouvir, e se Tate olhasse, veria Mattheus sentado, de cabeça baixa, a um canto- Ninguém virá te ajudar, Tate. Nem a ti, nem a mim...
Tate Langdon Aluno(a)
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O cigarro aceso, Tate tirou da própria boca, deixando a fumaça sair por entre seus dentes e o atirou dentro do prato cheio de um dos loucos, que sequer percebeu e continuou a tomar a sopa com nicotina. O resto dos cigarros, ele guardou no bolso. E, o pacote de cocaína, ele enfiou por dentro do jeans...
- Acha que não sei disso?- ele divisou Mattheus rapidamente, sem se assustar com este. Aproximou-se, lentamente, contudo. E sentou-se ao seu lado, olhando a frente fixamente, enquanto enrolava metodicamente uma mecha de cabelo loira...- Mas esse lugar... eu não vou aguentar por muito tempo...
Arya White Aluno(a)
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O rapaz encarou Tate longamente... e este pode reparar nas marcas de sangue nas mangas da blusa de Mattheus. -Você quer fugir? -ele perguntou, sem rodeios- Se quiser, eu ajudarei você. E deixaremos este inferno.
Tate Langdon Aluno(a)
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Foi a vez de Tate de encarar Mattheus. Mas não o rosto dele, as marcas em sua blusa. E, mesmo quando o rapaz parou de falar, Tate não respondeu. Ele tocou no braço dele por cima da blusa, sentindo o tecido molhar seus dedos de sangue.
E, com a outra mão, Tate limpou os próprios olhos marejados, amenizando sutilmente a expressão.
- Eu tenho pavor de rejeição... - ele soltou o braço do outro, então, e fitou-o no olhos.- Como vamos fazer?
Arya White Aluno(a)
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Pela primeira vez, Tate o viu sorrir: -Eu também. Mas não se preocupe, tenho o começo de um plano em mente... Vamos transformar isso de fato num inferno...
Tate Langdon Aluno(a)
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-É uma ideia interessante... -ele o olhou como uma criança travessa, e se levantou- Fique atento hoje a noite... Mattheus pôs o fone no ouvido, e se afastou escutando uma das músicas que Arya escolhera para ele:
Tate Langdon Aluno(a)
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Tate apenas lançou um olhar compreensivo a Matheus, e se levantou também. Ouviu a música que tocava nos fones dele de longe e a reconheceu. Apenas se lembrou que Violet dissera que odiava aquele tipo de música. Deu às costas ao menino de cabelos castanhos e entrou pelo corredor... Quando Tate se foi, apenas uma movimentação detrás de uma mesa com cadeiras empilhadas foi vista, e logo uma mulher com vestes de enfermeira, aspectos envelhecidos, uma barriga pouco grande e com cabelos castanhos maltratados preso num coque mal feito apareceu foi para o centro das mesas, recolher alguns pratos... ela lançou um olhar curioso sobre o corredor que Tate tinha ido. E depois lançou outro nem um pouco amigável a Mattheus. Com certeza, ela tinha ouvido algo. Mas ela simplesmente se retirou, voltando para dentro do balcão. Tate reconheceria aquele rosto, se o visse...
Arya White Aluno(a)
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Tate seria acordado naquela noite por uma sacudida violenta, e ouviria a voz rouca de Mattheus -Hey, vamos, vamos... Está na hora. Havia o som de uma gritaria infernal, um pandemônio de correria e berros, e um cheiro insuportável de queimado invadiu seu nariz, junto com uma fumaça sufocante
Tate Langdon Aluno(a)
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Ele abriu os olhos, o cenho se franzindo ao sentir toda aquela agitação de Mattheus sobre seu corpo. Ele piscou rapidamente, se sentando na cama e sentindo aquele cheiro. Tossiu, tossiu de novo, e se levantou imediatamente. Ele dormira com a mesma roupa que estivera durante à tarde, a blusa preta com a frase e o jeans. Calçou seu all-star sem nem ao menos por meia e sem precisar amarrar cadarço nenhum, já que seu pé entrou facilmente, e então ele fitou Mattheus ouvindo os gritos lá fora.
- O que você fez?!
Arya White Aluno(a)
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-Um botijão de gás explodiu na cozinha. -Ele limitou-se a responder, com um ar quase inocente- Vamos, metade do prédio já está em chamas. Mattheus puxou Tate pelo braço, tirando-o do quarto em um instante e levando-o para o caos infernal dos corredores. Com a falta de manutenção somada ao fato de a construção ser bem antiga, o fogo se espalhou com um velocidade considerável, lambendo as paredes, consumindo móveis e objetos, e queimado aqueles que não se mexiam rápido o suficiente. Mattheus cobriu a boca e o nariz com a mão, tossindo por causa da fumaça e encostando numa parede para não ser pisoteado no tumulto: -Precisamos sair daqui...
Tate Langdon Aluno(a)
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Ele não teve tempo de dizer nada, sentindo-se simplesmente ser puxado pela manga de sua blusa preta. Ele tossiu, pondo uma das mãos sobre o nariz também.
- Pelo visto não estão evacuando em procedimento... estão apenas correndo como frangos numa chapa quente.- Tate comentou, próximo do ouvido de Mattheus para que ele pudesse ouvir, depois de se escorar na parede também.- A porta da frente deve estar lotada... Eu andei explorando esse lugar hoje à tarde... têm duas portas dos fundos. Uma que fica próxima a cozinha, que já deve estar queimada, e a outra que fica perto das salas de terapia de choque. Fica mais perto daqui.- ele fez um sinal, se desencostando da parede e se enfiando no meio da multidão desenfreada. Segurou o braço de Mattheus, contudo, para não acabar se perdendo dele. E o puxou, encarando as pessoas desesperadas que estavam ali.
Arya White Aluno(a)
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Mattheus simplesmente seguiu Tate, tossindo e sentindo os olhos arderem. Não demorou para eles chegarem na porta mencionada anteriormente, deixando a confusão para trás. O fogo já havia tomado conta de tudo, transformando o lugar em um inferno incandescente. Mas eles conseguiram alcançar a saída... Ou quase. No momento que Tate atravessou a porta, o teto despencou, prendendo Mattheus lá dentro...